sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Dia do não Pai..*


Dizem que temos aspectos em comum. A preguiça , o facto de defender com unhas e garras os meus ideias, a vocação por letras e a teimosia. Dizem que tenho os teus traços em mim. Dizem. Nunca tive tempo de os conhecer na totalidade. Nunca deixaste. E eu ja nem me esforço para o fazer. O que sei os outros mo dizem. Verdade ou não és-me próximo sem o seres. Talvez um dia tenhas sido um (bom) pai, nos tempos reflectidos nas fotos, em que me carregavas ao colo, e parecia que só isso era importante para ti. Nesses tempos que parecia que o mundo girava em torno de mim. Essa é a maravilha dos porta retratos colocados nas estantes de casa, eles fazem-me acreditar num tempo que se calhar nem existiu. Porque hoje muito do que sou , pouco ou nada sabes. Não questionas, não procuras saber, nem tentas desvendar os meus misterios. Sou um enigma para ti. E muitas foram as vezes que te quis deixar partir, como ja fiz com muitos homens que apareceram na minha vida. Porque se eu analisar bem , não es diferente deles, juraste amor quando eu nasci, mas no fim magoaste, tornaste-te distante, e finalmente aos poucos foste indo embora. E tal como fiz com eles eu quis abrir as portas e deixar-te ir.Mas hoje como faço sempre que penso nisso, eu olho para aquele bebe no colo, olho pro rosto babado de um pai que desconheço, e não consigo. O que vejo naquele retrato não pode ter-se dissipado com o tempo. Nem o tempo conseguiria destruir aquele laço reflectido naqele pedaço de papel colorido. E feito aquele bebe eu acredito (mais uma vez). E ligo-te, ensaiando aquela minha voz de bebe que quer colo . Ligo-te . Não atendes. Faço a mesma ligação pelo menos umas 5 vezes, e nenhuma com uma resposta tua. Desisto. Deves estar ocupado. Trabalho, reuniões, sempre justifico as tuas ausências constantes. O horário de trabalho ou de qualquer reunião acaba , não ligas, nem pensas em aparecer cá a casa. Tento justificar mais uma vez mais essa falha tua. Mas aos poucos nada mais me resta para tapar as tuas lacunas. E por isso muito pouco te posso dizer hoje. Poderia ate desejar-te um feliz dia. Mas não um dia do Pai. Porque podes ser tudo, bem sucedido, divertido, e tudo que oiço falar que és , mas Pai? Só nas fotos que eu reecriei, reiventei, para ocupar o espaço que deixaste.

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