Talvez eu seja mesmo uma desvairada. Porque só mesmo uma louca para apostar em casamento nos dias de hoje.
Para mim o casamento torna qualquer detalhe revelador, chance de traficar ternura. Perguntar que horas ele volta é uma preocupação comovente, de quem deseja ficar mais tempo junto. O amor é simples, tão simples que fingimos sabedoria ao dificultá-lo.
Hoje em dia defender uma relação fechada é impronunciável, uma burrice. Acabo calada por vaias e ‘deixa disso’. Não aguento o pessimismo que circunda a sociedade. As pessoas estão tão entregues ao medo que perguntam ao seu parceiro: "Se algum dia me traires, prometes contar?’’. A questão já coloca a infidelidade como certa. Contar ou não confessar passa a ser o dilema. Não se confia mais na fidelidade, mas somente na franqueza. Outras resmungam por todos os cantos que o homem não é monogâmico, não adianta tentar mudar, faz parte da natureza . Aceita-se que ele não tem escolha, que se trata de um condicionamento biológico, ou talvez uma maldição darwiniana.
Até as lojas de vestidos de noiva estão cada dia mais escassas. Os manequins estão solteiros nas vitrines. E o Casamento é posto como cativeiro, um espécie de cadeia, onde se subtrai os direitos e se multiplica os deveres.
O casamento é visto como uma felicidade passageira para algum doente terminal.
Para mim o matrimônio deveria abandonar o contrato. Talvez se fosse um pacto. O pacto são dois num só apelo, diferente do contrato que é cada um por si. O pacto é palavra, o contrato é letra. A palavra é lembrança, a letra é cobrança. O pacto é confiança, o contrato é obrigação.
Para mim se eu consigo namorar, consigo casar também. Não acredito que tenha que diminuir algo, talvez aumentar o amor e a partilha*
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