segunda-feira, 22 de março de 2010

Nós*


A cada dia me entendo menos. sinceramente, vivi 23 anos comigo mesma , e me desconheço na totalidade. As vezes acredito que engrenei pelo caminho certo, acho que nesse momento é uma personagem minha que comanda, e meses depois surge outra personagem, do nada, e mudo de caminho. Vejo o cenário a mudar, o texto muda, e tudo a volta se altera, dia apos dia. É como se eu tivesse medo da monotonia da vida. Medo de envelhecer os pensamentos, ideias e sentimentos. E os alterno. Já se tornou até involuntário. Vivo me modificando. sei lá se hoje te amo como antes, dúvido que te beije como antes, e tenho quase certeza que não te ligo tantas vezes como antes. se o trabalho ainda me satisfaz não tenho muita certeza. e este corte?? porque fiz mesmo este corte?. e assim vou seguindo. me vestindo de diferentes Vânia(s). vai-se lá saber qual é a verdadeira Vânia. eu? eu sou mais nós.. singular não se usa pra minha pessoa. se me vir na rua grite: 'então como vocês tem passado?' .

quarta-feira, 17 de março de 2010

Family Portrait.*


Pai olha pra mim

Mãe porque é que tem que ser assim

Pergunto-me se um dia tudo irá voltar

Pergunto-me se outra vez o sorriso irá retomar

Pedaços de uma família

Ela mentia, ele fingia

Ela mentia ser feliz pra me alegrar

Ele fingia amar pra não me magoar

Talvez eu seja a maior culpada

Talvez seja eu a causa desta família disfarçada


Olho pro porta retrato.. sorrisos largos

No fundo.. dores.. magoas.. pensamentos amargos

Ela grita, ele grita, eu desato a chorar

Não posso perceber, estou longe de aguentar

Ligo a rádio, mas o som não consegue os gritos abafar

Saiu do quarto, peço pra parar

Começo a gritar, a chorar, a murmurar

Ninguém olha, ninguém sequer presta atenção

Sinto que será sempre assim, e perco a razão

Não, não foi suicídio , nem revolta, ou rancor

Foi fuga, foi procura dum lugar sem dor

E foi assim que naquele momento

decidi não mais fazer parte daquele tormento

Sim, tirei a minha vida

Quem sabe agora posso ser ouvida

To eternity*



'as vezes da-me aquela sensação de deja vú. como se as conhecesse a muito tempo, há bem mais que os meus poucos 23 anos. não é só pela cumplicidade, não é nem pelas inúmeras vezes que rimos sem articular uma palavra somente com um pequena troca de olhares, não é sequer pelo facto de elas preencherem os meus dias com conversas idiotas, abraços vindos do nada, beijinhos melados,não, não sei porque. só sei que elas me trazem essa sensação boa. sensação de eternidade. *



Pic: meu sol; (eu); minha namorada; meu choc*

segunda-feira, 8 de março de 2010

Mania Irritante..*


Eu não entendo porque as pessoas tem tanto essa tendência de trazer o passado para o presente. Quando criaram os termos passado e presente era exactamente para evitar que estes dois tempos se misturassem.
O grande Roberto Carlos já cantava ' não quero saber da sua vida, sua história, nem do seu passado (...) eu só quero ser o seu namorado'.. 
Por isso vamos lá ter mais atenção às recordações que devem ou não ser partilhadas.. Porque sinceramente que interesse tenho eu no passado amoroso do meu presente..? Prestem bem atenção..Não falo aqui de qualquer passado.. partilhar memorias da infancia, do fatinho que a mamã fazia para todos os irmãos, do primeiro dia de aulas, da primeira bebedeira, é divertido para qualquer relacionamento.. mas partilhar momentos romanticos vividos num tempo em que ele ñ era meu namorado e eu tal como ele tambem dormia em outra cama, isso é ja bem diferente.. é diferente, incomodo e de um pessimo mau gosto. Porque cá entre nós que interesse teria eu em qerer saber como eles passaram o dia dos namorados, ou quais os nomes carinhosos q eles s apelidavam? Digam-me que importancia tem isso para mim??
Não, não e não.. Eu não qero saber.. Nem faço questão de falar dos aspectos intimos das minhas relações passadas..
Não que eu nunca tenha tentado ter a dita cuja relação aberta.. Já tentei sim. Mas descobri sozinha que abertura demais deixa entrar na mesma proporçao coisas boas como também coisas más.. e o passado começa a dividir a cama com o presente.. como se vivessemos sempre com uma terceira companhia em qualqer canto da casa, um fantasta a circundar-nos diariamente..
Por isso não entendo porque as pessoas tem que ter essa mania irritante de falar do passado.. Como é que alguem no meio do nada, ou no intervalo de uma conversa consegue abrir a boca para dizer ' isso faz-me lembrar uma vez que a Joana (sim ela se chama Joana , de tanto ele mencionar o nome dela sem querer acabei decorando) ofecereu-me um ursinho de pelucia rksksaksrjhsyshaskksjakksalilojaja ( isso foi o q consegui perceber, porque nesse momento a minha raiva já não me deixava mais transformar o que ele contava em palavras , e frases com sentido) só ouvi depois uma gargalhada e senti um abraço.. e ele tambem do nada introduziu outro papo, ou continuou c/ o papo q estavams a ter antes do peqeno momento de saudades, como se ñ tivesse nem mencionado o nome dela.. E isso foi só o começo, com a minha mania de calar para ñ estragar o meu dia, vi acontecerem lembranças identicas varias vezes.. assim como sempre acontecia, do nada.. enquanto mordo a torrada, enquanto assisto tv, enquanto mexo qualquer coisa no computador.. derepent do nada ele diz aqeles absurdos que como sabem eu ñ cnsgo nem perceber , porq a minha capacidade de percepção foge a 7 pés.

Não.. Não sou excessivamente ciumenta. Nem desnecessariamente egoista.. Eu entendo que as pessoas tem o seu passado e carreguem montes de bagagem nas costas.. Juro que percebo e ate respeito. Afinal tenho as minhas malas de viagem comigo tambem.. Mas não as despejo em quem nem participou no acumular de roupas.. Todos carregam a sua bagagem sim. Mas cá p mim a mala fica na porta e se abre uma nova mala com novas roupas qd se começa uma nova viagem.
As pessoas são tão diferentes que pouco me importa se a Joana fez assim , porque eu sinceramente sempre farei assado. E o facto dele partilhar o assim dela cmg, faz-me pensar q o meu assado devia ser o assim. Ou que ele me esta a dar uma dica , como se quizesse dizr nas entrelinhas ' a Joana comprou o urso, ñ achas que devias fazer o mesmo?' .. Dá que pensar ñ dá? E mesmo quando faço aqele papel de adulta e me lembro que já tenho idade para compreender certas coisas, mesmo nessas alturas quando ñ me ponho a comparar e acho somente que ele esta a partilhar emoções porque se sente avontade comg.. mesmo nestas alturas eu me pergunto ' Mas porque é que ele tem q falar dela enquanto esta cmg? Porque dela? Porque cmg?'..
Não dá.. os meus anos de existência e a minha idade que tende a aumentar não me tornam capaz de compreender isso..
E olha que em muitos aspectos sou compreensiva e ate aceito um bom momento de retorno ao passado amoroso, mas desde que seja para falar mal do passado..
Não abanem a cabeça.. Nem digam ' Vânia que mesquinhice'.. Vamos lá ser sinceras, entre ouvir ' quando eu e a Joana ( espero que as Joanas ñ leiam esta nota) namoravams ela trazia-me sempre bombons ao quarto e dava-me beijinhos logo cedinho..' e ouvir ' a Joana podia ate ser bonita, mas amar d verdade eu só amo a ti, e acho sinceramnte que ela ñ me merecia, porque ela ( ñ vou entrar em detalhes, senão a Joana ainda vem me mostrar com quantos murros se perde uma dentadura)..' digam-me o que preferem.? Ouvir falar mal da ex ñ faz mal a ninguem, porque ate podes fazer aqele papel de boazinha e dizer ' hmm. tas a exagerar , ela ( sim ñ vo falar mais da Joana.. ainda to com medo dos murros) ñ era assim tao ma. tu é q ñ gstavas assim tanto dela..' quando na verdade isso pouco interessa..
Vá la .. Tem que concordar comg.. Ouvir Falar mal da ex até que sabe bem, dose mesmo é ouvir o contrario..

Então neste vai e vem de recordações e pequenos momentos de rewind eu também no meio do nada, e como qem ñ qer nada, meti o tal papo do passado ' sabes mor, essa historia lembra-me da vez que o Joao (nada melhor que um Joao para combinar com a Joana) fez-me uma declaração de amor enfrente aos meus amigos, fiquei meio boba.. foi bonito.. ' quando terminei a frase , pensei q estava sozinha, ñ se ouvia absolutamente nada.. pensei ca para os meus botoes ' acho que a historia ta interessante, então deixa.me continuar, ele abriu tanto os olhos e inchou tanto a cara que realmente deve estar a gostar da historia' entao continuei , assim na maior inocencia (acreditem .HAHAHA.) ' mas o João mor, o João era louco.. ele fazia cada coisa por mim.. o João mor..' .. e parei a frase quando o vi levantar . olhei para ele incredula.. ele deu alguns passos em direção a porta e com uma raiva impossivel de esconder conseguiu articular uma pequena frase ' fica com o teu joao' e fechou a porta deixando para traz aqele barulho irritante que a porta faz quando é fechada com muita violência..

E esta agora?? So o meu passado é que incomoda??
Isto de pagar pela mesma moeda é pecado , dizem alguns, mas aprender as pessoas só aprendem quando sentem na língua o sabor do seu proprio veneno..

Hoje? Passado?? Nem sabemos mais o que é isso. Passado só se for o nosso jantar de ontem.. ou o nosso lanche do mês passado.. PASSADO mesmo, só se nós os dois estivermos PRESENTE.*

Notebook.*


Tempo houve em que eu sabia escrever

Tempos em que o papel era o meu melhor amigo.

Letras e palavras que formavam frases.

Frases que formavam textos.

Textos que transformavam as pessoas.

Tempo houve em que eu sabia escrever.

Hoje é inutil tentar.

Hoje as letras , e as palavras resumem-se no teu nome. Escrevo somente nas linhas do teu corpo.

O meu papel, antes meu melhor amigo, olha p ti com ciumes. Afinal,tiraste-lhe o lugar.

Nem sequer pediste licença. Chegaste sorretariamente, como quem se enganou na porta. Chegaste como quem nem veio pra ficar, e ocupaste as frases que antes pertenciam aquela folha de papel.

Eu as vezes pego nela. Limpo-lhe a poeira. Peço desculpas pelo tempo que fico sem a visitar. Ela faz cara de quem compreende. Mas já se cansou das minhas desculpas.

Eu pego nela e rabisco algumas coisas. Assim sem pensar. Rabisco. Daquelas coisas chamadas 'coisas sem pes nem cabeça'.

Mal me dou ao tempo de acabar o emaranhado de palavras ,e o papel voa. Assim do nada. Sai dos meus dedos e vai parar ao lado da mesa, como quem pede para ser deixada em paz. Não desisto. Vou atraz dela. Já passamos por muita coisa juntas. Ja partilhams muita coisa. Desta vez eu quero recuperar o que perdemos.

Agarro-a com força. Quase machucando-a. Ela tenta se soltar, mas apanho-a no vento. Pego na caneta para continuar a fazer o que sempre fizemos: partilhar sentimentos. E é ai que percebo. Na confusão de palavras que insisti em rabiscar, todas diziam respeito a nós, a ele , a mim, ao amor. Por isso deixo-a ir.

Ela sabia que chegaria o dia em que eu teria com quem dividir as tristezas, alegrias, emoçoes, novidades, duvidas. Ela sabia.

Fiquei a olhar, enquanto ela se ia e contava a todos a nossa historia.

Os pedaços dos momentos que passamos se espalharam, e toda gente perguntava pra ela: onde esta a tal pessoa descrita nessas linhas? . E ela respndia : conheceu o amor. O amor? perguntavam uns. O amor respondia a folha. Antes ela precisava de mim para a aconselhar quando os amores eram desfeitos, para lhe amparar quando via os pedaços do seu coraçao , para lhe erguer quando um novo começo significava mais uma vez um fracasso. Hoje ela tem os braços dele para a amparar, a boca que a beija todos dias para a aconselhar, e amor dele para a erguer caso ela um dia caia. Fui mãe , ensinei-a a ter forças suficientes para aguentar as perdas. Fui mãe.

Hoje deixo-a escrever e criar frases nele.. só nele.